quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Tem jazz no meio da folia

Vale a pena hein, pessoal!!! Ou melhor, imperdível!! Abs, GH.
Publicado no JC PE, em 30.01.2008
Dixieland com frevo é a receita do Mardi Gras que a Uptown Band e convidados fazem hoje no Bairro do Recife. José Teles (teles@jc.com.br)

Hoje, na Praça do Arsenal, a partir das 21h, haverá o encontro da Uptown Band com a Dixie Square Jazz Band e participações do guitarrista norte-americano Clay Ross. A Uptown Band recebe o reforço do maestro Edson Rodrigues e do flautista César Michiles, que gravaram com a banda do CD Do Mississipi ao Capibaribe.

Este verdadeiro Mardi Gras fora de época, que aproxima o Recife de Nova Orleans, teria como gancho o lançamento em grande estilo do CD da Uptown Band, mas acaba sendo uma prévia do Garanhuns Jazz Festival, uma nova experiência no Carnaval pernambucano, que acontece de sábado a segunda-feira em Garanhuns, com shows gratuitos. O festival tem como atrações ainda, Kenny Brown, Victor Biglione, Les Frés Gissé, Taryn Szpilman e Cláudio Infante, além de orquestra de frevo e grupos de jazz da Cidade das Flores.

O idealizador do festival foi Giovanni Papaléo, produtor e baterista da Uptown Band: “A prefeitura queria diversificar os eventos na cidade, já que hoje só existe o Festival de Inverno e a Garanheta. Sugeri um festival de jazz e eles aceitaram. É dirigido sobretudo para as pessoas que vêm à Garanhuns durante o Carnaval e não tinham muita opção de divertimento”, explica o produtor.

Será a estréia em terras pernambucanas, dos paulistanos da Dixie Square Jazz Band, grupo que existe há sete anos, e é formado por Marco Vital (wash board, ou tábua de lavar), Luchin Montoya, (teclados), André Busik (trompete e vocais), Dado (sax), J. A. Weber (contrabaixo). O grupo é presença constante nos principais festivais de jazz do País, e dividiu palco como nomes como B.B King e Ray Charles. Segundo o empresário da banda, Roberto Tolotti, os músicos estão ansiosos com a experiência de tocar pela primeira vez durante o Carnaval: “Giovanni teve esta idéia maluca mas muito bem-vinda, acho que ele está fazendo a coisa certa. De certa, forma a música da Dixie Square jazz Band tem aproximações com o Carnaval, porque a banda toca na rua, no meio do povo, a Dixie funciona bem assim”.

A Dixie Square Jazz Band promete tocar pelas ruas de Garanhuns, como fazem as bandas semelhantes em Nova Orléans: “Os músicos já estão acostumados, porque fazemos muito isto. Quando há festivais no Bourbon Street, o mais badalado clube de jazz de São Paulo, saímos em cima de um caminhão, com um palco, tocando e divulgado o festival”, conta Tolotti. Ele diz que os shows da Dixie Square Jazz Band têm em média uma hora e meia de duração, mas que hoje, a banda toca durante cerca de 40 minutos: “Tocamos dixie, mas a dixie tem dentro dele o blues e o jazz, daremos uma mostra do repertório do grupo”.

Outro que estréia em Pernambuco é o guitarrista Clay Ross, nascido na Carolina do Sul, mas com base em Nova Iorque, onde além de manter seu próprio trio participa de mais outros três projetos paralelos, um deles o Beat the Donkey, liderado pelo percussionista brasileiro Cyro Batista (que já tocou com Naná Vasconcelos, Paul Simon, Sting e Herbie Hancock, entre outros). Tocando com Cyro Batista, Clay Ross está familiarizado com ritmos brasileiros, e não lhe são estranhos tanto o samba quanto o baião, e até com o maracatu, já que ele toca com Scott Kettner, que tem um projeto chamado Maracatu N.Y.

A Uptown Band vai tocar apenas parte do repertório do seu álbum de estréia. “Vamos fazer metade do disco. No restante do show vamos entrar no clima de Carnaval e Nova Orleans, com a Dixie Square, e Clay Ross. tocamos, por exemplo, Vassourinhas mesclada com o second line, que é um ritmo tradicional de Nova Orleans, ou então When the saints go marching in com Asa Branca. O objetivo é levar o público ter uma idéia da música que vai rolar em Garanhuns”, diz o produtor.

Papaléo adianta que o Mardi Gras vai acabar numa grande jam session, com todos os músicos caindo no improviso. E aí, eles próprios não têm idéia do que tocarão no palco, mas certamente tocarão frevos.

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